Autora: Maria Elaine Tarelli Secretária estadual de Organização do PSB-RS
Iniciamos o ano com tristes e inaceitáveis notícias. Somente no primeiro mês de 2023, em média, uma mulher foi agredida a cada 22 minutos. Cabe aqui lembrar que a agressão física é apenas uma das diversas formas de violência enfrentadas pelas mulheres e previstas na Lei Maria da Penha, como a violência patrimonial, a psicológica e a sexual. Também é a agressão física a mais fácil de ser identificada, denunciada e comprovada.
Quantas mulheres, de todas as idades, raças e classes sociais, sofrerão em silêncio, perderão a vida, a esperança, a dignidade até que possamos nos sentir seguras? Até quando viveremos com medo por nós e por nossas filhas?
O feminicídio, última instância da violência, não acontece de uma hora para outra. Na grande maioria dos casos a vítima vivencia um ciclo de violência, sendo que em muitas situações ela sequer se dá conta disso, o que faz com que haja subnotificação dos casos. Ou seja, os números da violência são ainda maiores que os apontados nas estatísticas.
Mas o que fazer para mudar este quadro? Antes de mais nada, precisamos fortalecer a rede. E neste sentido, vislumbramos avanços que podem fazer a diferença, conforme anúncio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. O governo federal irá retomar a Casa da Mulher Brasileira e o Ligue 180, serviço de enfrentamento à violência contra a mulher, além de relançar o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), que fará a entrega de viaturas policiais para serem usadas nas delegacias da mulher e nas patrulhas especializadas em casos da Lei Maria da Penha.
É urgente a priorização de políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero. Mas a sociedade precisa fazer a sua parte também. Não podemos fechar os olhos para o que acontece ao nosso redor. Se a vítima se cala por inúmeras razões, que vão desde o fato de acreditar que o agressor pode mudar ao medo de não conseguir sustentar seus filhos, nós, enquanto sociedade, temos a obrigação de denunciar ao menor indício de violência. A denúncia é anônima. Está mais do que na hora de assumirmos o nosso papel nesta luta. Lute pelas meninas que estão com medo de contar aos pais o que aconteceu. Lute pelas mulheres que têm medo de ir embora porque não têm certeza se o agressor virá atrás delas.
É dever de todos, Estado e sociedade, erradicar todas as formas de violência para garantir o direito das mulheres de viver sem medo em uma sociedade justa e igualitária.
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