Ibaneis Rocha (MDB-DF), governador de Brasília, publicou um decreto hoje (3), no Diário Oficial do DF, flexibilizando as medidas de isolamento social implementadas para diminuir os casos de contaminação pela covid-19. Uma dos pontos alvo do afrouxamento de Ibaneis foi o toque de recolher, que agora está em vigor apenas de meia-noite às 5h. O decreto de flexibilização chega antes dos prometidos hospitais de campanha, ainda não entregues à população.
Além do toque de recolher, o horário de funcionamento dos bares e restaurantes da capital também foi alterado pela última decisão do governador. Agora, os estabelecimentos poderão funcionar até às 23h. Com isso, o período onde é permitida a venda de bebidas alcoólicas em toda a cidade também foi alterado de até 21h para às 23h.
Incerteza
As diversas reviravoltas de decisões sobre o funcionamento do comércio na cidade, já são uma constante. Além das medidas do próprio governador, as diversas disputas judiciais também provocam sentimento de grande incerteza de quem trabalha no setor.
Hoje pela manhã, em entrevista coletiva realizada no Palácio do Buriti, Gustavo Rocha, secretário-chefe da Casa Civil, afirmou que as medidas podem, sim, ser revogadas. "Se houver aumento dos dados, o governador pode voltar atrás sobre flexibilização”, afirmou ele.
"Para nós que administramos um negócio é complicado. Várias vezes já marquei com clientes e fornecedores de manhã e, à tarde, tive que fechar por conta de mudanças nas medidas. Nós gastamos nosso tempo, investimos, funcionários gastam com passagem, alimentação, e na hora ninguém pode trabalhar. Espero que dessa vez dure mais", torce Manuela Mendes, dona de um salão de beleza na Asa Norte.
Também do setor de serviços, José Carlos Matos, dono de uma oficina mecânica no Sudoeste, se viu afetado pelo fechamento de outros comércios, mas não apoia a liberação de locais como bares.
"Eu sei que todos precisam trabalhar, mas eu moro aqui no Sudoeste e estou sempre vendo as pessoas aglomeradas nos bares, sem máscara, nenhum distanciamento. Depois o resultado é a fila para entubar, os hospitais sem ter como atender", lamentou ele.
Promessa
Enquanto flexibiliza as medidas de isolamento e paga para ver se o número de casos no DF vai aumentar ou não, Ibaneis ainda não entregou os hospitais de campanha prometidos por ele durante o pior período da pandemia, ocorrido em março deste ano.
A promessa do governo era que as unidades de saúde passariam a atender pacientes infectados com o coronavirus a partir de 14 de abril. Porém, as obras sofreram atrasos sucessivos e ainda não foram concluídas. Além disso, o governador havia prometido que nas unidades seriam abertas 300 novas vagas para terapia intensiva, porém, nas últimas semanas ele voltou atrás e afirmou que os hospitais não teriam esse tipo de leito.
Agora, Ibaneis prometeu que na próxima sexta-feira (7) irá entregar a unidade do Gama. Porém, ainda serão realizadas duas vistorias no local, procedimentos que já atrasaram a entrega das obras em outro momento.
Taxa de ocupação
Segundo dados do portal InfoSaúde, mantido pela Secretaria de Saúde, dos 16 hospitais com leitos de UTI no Distrito Federal, entre públicos e contratados pelo governo, sete estão com 100% das vagas de internação ocupadas. Três deles estão com a taxa de ocupação acima de 93% e seis acima de 86%. O Hospital Regional da Asa Norte é o único com número abaixo, estando com 75% de seus leitos de UTI ocupados.
Essas taxas geram uma média de ocupação de 91,89%, número ainda preocupante. Apesar da diminuição, Brasília ainda possui uma lista de espera por leitos de UTI com 133 pessoas.
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