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Epidemiologia em foco: o descaso frente a emergências de saúde pública

Há patologias que são sazonais, ou seja, acontecem de tempos em tempos, a exemplo das arboviroses dengue, zika e chikungunya, que sempre estão nos noticiários. Mas como categorizar essas classificações na régua da epidemiologia e como elas podem medir a dedicação de governos no espectro saúde?


Como fundo de contexto para essa discussão, é dadoo triste destaque para o DF, que encara um de seus maiores riscos epidêmicos de dengue de todos os tempos. Com quase 1000% de casos a mais, em comparação com o ano anterior, está em situação de risco epidêmico. Mas o que é e como evitar o risco de epidemias previsíveis e imunopreveníveis como a dengue? Antes da resposta, é preciso medir o conceito com a régua epidemiológica, para entender o assunto em questão.

1. Surto epidêmico: ocorre quando há aumento no número de casos de uma doença de forma localizada. A exemplo do que acontece inicialmente esse ano no DF, com aumento repentino de casos em uma cidade satélite ou outra.

2. Endemia: ocorre quando uma patologia não é erradicada, é recorrente em determinada região, mas sem aumento significativo de casos. No Brasil a dengue costuma ser uma doença endêmica, uma vez que surge em certas regiões sazonalmente, com foco no verão em virtude das chuvas e água parada.

3. Epidemia: ocorre quando o número de casos de uma doença acontece em várias regiões, sem atingir níveis globais. A varíola, por exemplo, já foi uma doença epidêmica no Brasil.

4. Pandemia: ocorre quando o número de casos de determinada patologia aumenta consideravelmente a nível global, a exemplo recente do COVID-19.


Como medida contingencial e ao mesmo tempo preventiva, o governo federal fez a maior compra do mundo em vacinas contra a dengue, adquirindo todo o estoque do fornecedor – R$ 15,6 milhões até o momento.Por ser uma doença imunoprevenível, a estratégia de vacinação é aliada contra o aumento de casos. O DF,circunscrição das decisões políticas do país, sozinho,enfrentou crescimento de 920,5% nos casos prováveis de dengue nos primeiros dias de 2024, escancarando o despreparo e descaso da atual gestão no âmbito da saúde.


O risco de epidemias é prevenido com promoção e prevenção da saúde. A partir da promoção da saúde, o governo local mobiliza a máquina pública frente a condições fitossanitárias e socioeconômicas não equitativas, capacitando a sociedade local para ser agente partícipe da própria saúde. No que concerne à prevenção, estratégias combinadas entre vacinação em massa e campanhas ativas contra o mosquito antes da época de riscos epidêmicos, são igualmente estratégias aliadas.


Para concluir o raciocínio, o país vive risco epidêmico de dengue com concentração da doença em alguns estados, em destaque para o DF, que recebeu do governo federal as primeiras doses da vacina. A emergência em saúde pública elencada evidencia o despreparo da atual gestão em relação a políticas públicas sociais e de infraestrutura, colocando, principalmente, a população periférica em condições fitossanitárias de risco.


Governador, se a doença é sazonal, imunoprevenível e previsível, por que o DF é foco do descaso?


Este artigo foi escrito pelo nosso companheiro Olávio Gomes, do Núcleo de Saúde do PSB/DF.

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