Por: Bruno Carvalho
A realidade do Governo do Distrito Federal é catastrófica. O descaso do executivo – que gera uma crise sem precedentes na saúde – atinge, também, a educação. Na verdade, o “modus operandi” do neoliberalismo à brasileira é o da barbárie, da morte e do ódio. No que diz respeito à educação (no âmbito nacional), três temáticas têm sido levantadas: a privatização da rede pública de ensino; as escolas cívico-militares e o Novo Ensino Médio. Todas elas protagonizadas pelo neoliberalismo e que possuem um outro nexo em comum: a descredibilização do Estado na oferta da educação. Ao olharmos para o Paraná, vemos que a sua respectiva assembleia legislativa aprovou, às pressas, a privatização da gestão das escolas públicas. Em São Paulo, o lobby pelas escolas cívico-militares já faturou cerca de 11 milhões de reais! Se de um lado temos a privatização, do outro, temos a militarização; dois “eventos” que assinam o obituário da gestão democrática do ensino público. O referencial neoliberal, aplaudido pelo atual gestor do DF, não é bom! Quando colocamos empresas para cuidarem da gestão escolar e quando entregamos a disciplina dos estudantes nas mãos dos militares, estamos dizendo para a sociedade que a educação, pensada como libertadora e humanizadora, fracassou. Enquanto policiais da reserva sem formação pedagógica e empresários interessados no lucro cuidarem da educação, estamos aceitando o conceito de que a ordem, a cidadania e a gestão estão dissociadas do currículo escolar, da pedagogia e do processo de ensino-aprendizagem dos nossos estudantes. É isso que o neoliberalismo tem feito, de modo sutil, desde a proposta do Novo Ensino Médio. O NEM, como ficou conhecido, é, portanto, um projeto político de desmonte da educação pública concebido aos moldes capitalistas-direitistas que massificam o processo educacional. Responsabiliza prematuramente nossos jovens numa falsa ideia de liberdade, fazendo-os perderem, de forma gradual, a criticidade de uma verdadeira educação libertadora. O ideário neoliberal toca a autonomia dos estudantes e a transforma em individualismo e competitividade. Serve aos interesses empresariais, assim como quem lucra com a privatização e militarização das escolas públicas. A revogação do Novo Ensino Médio é uma necessidade substancial para a vida da educação no Brasil. Com isso, o Distrito Federal, longe de ir à contracorrente das “más influências”, acena para a irresponsabilidade, flerta com a imprudência e está de braços dados com o mau-caratismo. A saúde e a educação seguem sendo sucateadas. As privatizações realizadas e pretendidas anulam o fruto comum do trabalho. Estamos sobrevivendo ao descaso! Enquanto inúmeras professoras e professores, bem como os profissionais da saúde, esperam ser nomeados, a única nomeação que temos por aqui é a do mal-estar. Seguimos na luta!
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