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Alckmin: Neoindustrialização passa por novas tecnologias e preservação ambiental

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB) exerce papel estratégico no governo para alavancar a reindustrialização no país. Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), relançado após sete anos sem funcionar, Alckmin afirma que a ‘neoindustrialização’ passa pela busca de novas tecnologias, preservação do meio ambiente e diminuição dos entraves comerciais no mundo da economia digital.

A perda de competitividade derrubou a participação da indústria brasileira para 11% do PIB, mas o setor já chegou a responder 30% nas décadas de 70 e 80. Esse e outros dados revelam que o Brasil, na contramão do mundo, está se tornando mais primário, ou seja, mais dependente da agropecuária e da mineração, e menos tecnológico. Esse processo, que começou na década de 1980, é fruto do abandono de planejamento econômico de longo prazo, da redução de investimentos públicos e da perda de protagonismo da indústria como centro da política de desenvolvimento.

Orgão ligado ligado à presidência, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial terá a função de aprovar as diretrizes para a implementação da política industrial, analisar propostas para aumentar a inovação e o desenvolvimento da economia verde e opinar sobre estratégias para a produtividade e competitividade da indústria. Além de Alckmin, o grupo é composto ainda por mais outros 19 ministros, além do presidente do BNDES. Alckmin também indicará 21 conselheiros representantes da sociedade civil para integrar o fórum.

Para a construção de uma indústria 4.0 que ajude o país a gerar empregos e retomar o caminho do crescimento, agregando valor e conhecimento à cadeia de produção, é necessário dar prioridade para a digitalização, a sustentabilidade e a inovação, afirma Alckmin. “O Brasil vai crescer, vai crescer com sustentabilidade. A pergunta sempre foi: onde fabrico bem e barato? Agora é onde fabrico bem, barato e consigo compensar emissão de carbono? É o Brasil. O Brasil é o grande protagonista desse momento de combate às mudanças climáticas e de avanço das energias renováveis”, ressaltou em entrevista gravada ao programa A Voz do Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O impulsionamento do setor industrial passa necessariamente pela redução dos juros e pela reforma tributária. Alckmin estima que a votação para o novo sistema tributário ocorrerá ainda no primeiro semestre deste ano. Uma das propostas é a unificação de cinco impostos (IPI, ICMS, ISS, PIS e Cofins) em um imposto único, chamado IVA, com objetivo de reduzir custos, incentivar a competitividade dos produtos nacionais e exportação.

Em relação aos juros, Alckmin manifesta confiança de que o novo arcabouço fiscal vai permitir as condições necessárias para o Banco Central começar um ciclo de corte das altas taxas. “Com a âncora fiscal, acreditamos que vamos ter a redução de juros necessária, porque o custo de capital é um dos principais itens da agenda da copetitividade”, afirma.

“Temos certeza que vai cair a taxa Selic, porque a inflação de março foi menor. A inflação está caindo, caiu dólar, a bolsa subiu e a nova ancoragem fiscal, que deve ser encaminhada pelo presidente Lula nos próximos dias ao Congresso Nacional, que estabelece responsabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, garante investimentos que o Brasil precisa”, declara.

A reindustrialização do país é uma das principais bandeiras do PSB. No novo programa do partido, os socialistas defendem que, no lugar de uma simples reindustrialização, haja o renascimento criativo da indústria brasileira, “como tarefa necessária e inadiável”. A inovação e a criatividade constituem-se no DNA da nova economia do mundo e representam a possibilidade real de uma transformação revolucionária e criativa da indústria, agricultura, do comércio e dos serviços, em novas estruturas tecnologicamente atualizadas no Brasil” (ACESSE AQUI O NOVO PROGRAMA DO PSB).

China

A China pode exercer um importante papel para auxiliar o Brasil a ocupar o lugar de destaque na indústria 4.0. Uma série de memorandos visando “a nova industrialização” no Brasil, com “bases sustentáveis, inovação tecnológica e investimentos em setores estratégicos” foi assinado entre os dois países. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) será responsável por três deles, que são voltados aos investimentos industriais, economia digital e facilitação do comércio.

As conversas em torno de cada área serão pautadas também por questão ambiental, dada a importância do tema para os chineses e para o governo brasileiro. Entre os assuntos de interesse ambiental está a atração de investimentos em energia renovável, infraestrutura verde, manejo sustentável de florestas, tecnologia e inovação.

“Há uma sinergia entre o projeto chinês Made In China 2025 e o pensamento do MDIC, recriado pelo presidente Lula. As duas nações querem desenvolver produtos inovadores e modernizar sua produção industrial. A troca de conhecimentos entre os países é muito importante neste momento”, afirma Alckmin.

Segundo o ministério, o memorando de cooperação industrial tem como ator principal o setor privado. Ele prevê tratativas para investimentos e trocas tecnológicas nos setores de mineração, energia, infraestrutura e logística (estradas, ferrovias, portos, gasodutos), indústria de transformação (carros, máquinas, construção, eletrodomésticos), alta tecnologia (medicamentos, equipamentos médicos, tecnologia da informação, biotecnologia, nanotecnologia, setor aeroespacial) e agroindústria.

No caso da economia digital, as conversas devem evoluir para a “construção de uma infraestrutura econômica capaz de integrar tecnologias interativas inteligentes a atividades como manufatura avançada, circulação de mercadorias, transportes, negócios, finanças, educação e saúde”. Abrange, segundo o MDIC, redes de banda larga, navegação por satélite, centros de processamentos de dados, computação em nuvem, inteligência artificial, tecnologia 5G e cidades inteligentes.

O memorando aborda também questões relativas a novos modelos de negócio, regulação, pesquisa, treinamento e capacitação.

Já o memorando sobre facilitação de comércio apresenta diretrizes no âmbito do Grupo de Trabalho de Facilitação do Comércio, que prevê conversações para eliminação de barreiras e adoção de boas práticas comerciais e regulatórias em temas de interesse bilateral, além de prever o estabelecimento de canais de comunicação eficientes, apoio à participação em feiras e dar agilidade à circulação, à liberação e ao despacho aduaneiro.


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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